O bis branco

terça-feira, 19 de abril de 2011
Gérson entrou no mercado em pleno estado de desespero.
Trabalhou em dois turnos nos últimos 5 dias e acabou esquecendo do pedido da amada:
- Xuxu, não precisa gastar nada comigo na páscoa, tá? Eu só quero uma caixa de bis branco. Branco, viu Gérson? Eu sou uma mulher diferente da maioria, nem gosto tanto assim de chocolate.


Aquilo tinha acontecido no domingo passado, ele tinha a semana toda pra comprar, mas o idiota do Cícero tinha que chamar justo ele pro plantão. Porque não chamou o Alcídes que não tem família, e nem namorada? Foi o Cícero que o colocou nessa situação, maldito.
Cícero era o seu chefe imediato lá no hospital. Gabava-se por ser o enfermeiro-chefe mais novo da história do Hospital Protássio Engers. Mas ele era um completo idiota. Todos sabiam que ele só estava lá por causa de sua noiva, que veja só, era neta do homem que emprestava seu nome ao hospital.

Nessas situações Gérson via como o mundo era injusto. Ele foi colega do Cícero na faculdade, e sempre foi melhor que ele. Nunca errou o nome de um osso nas aulas de Anatomia, nem o nó em uma aula de sutura. Sabia de cor a características de todas as células do sangue e até mesmo discordava dos diagnósticos que ele ouvia no seriado do Dr. House.

Ele exclamava na sala da enfermagem: - Como isso, House? Uma leucemia sem tu pedir um Hemograma? Tá errado isso, ta muito errado.

E depois de passado todos aqueles anos de dedicação e martírio, é chefiado por um cara que sabia muito menos que ele, e que só por birra o escalou em semana de páscoa.

Mas sábado ele conseguiu sair mais cedo e correu pro super mais próximo.
Chegou em estado de vigília total, as pupilas dilatadas e todos os sentidos em prontidão.
Ele sabia que quem estava no super a essa hora tinha esquecido de algo, e estavam todos algozes pois sabiam que os melhores chocolates já haviam terminado.

Passa como um raio pelo corredor de banho e pega a esquerda na encruzilhada.
Cruza com maioneses e massas em promoção, nem olha o preço da cerveja, e ruma ao norte.
A distância de dois guichês avista a padaria e se frustra. Já está chegando ao fim do mercado e nada ainda, ele não podia dar-se ao luxo de perder tempo sabendo que talvez houvesse poucas caixas de bis brancos a serem arrebatadas.

Ultrapassa os freezers vazios, que provavelmente conservavam os peixes de todos os almoços de ontem e, bingo, surge diante de si uma grade com ovos de chocolate pendurados.

Gérson corre até lá, e a 30 passos de distancia enxerga o seu alvo. A caixa de bis branco. Uma só, mas não importa, seria a sua.

Graças a deus, a salvação. Sorri satisfeito.

Mas não, droga. Uma mulher está indo em direção a ela, com a mesma avidez.
Uma caixa, duas pessoas.

Ela enxerga Gérson e apura o passo. Uma olhada para a caixa, uma para o enfermeiro. Uma para a caixa, uma para o enfermeiro.
Ele faz a mesma coisa. Chegam juntos:
- É minha. Diz a linda mulher enquanto entrelaça os longos dedos na caixa retangular
- Moça, por favor. Minha namorada pediu apenas uma caixa de bis brancos na páscoa, eu trabalhei a semana toda e a única chance que eu tive para comprar o presente foi agora. Seja altruísta, por favor!
A mulher sorri e diz:
- Pois então trate de ir pensando numa boa desculpa para dar a ela. E dá de ombros.
Gérson entendeu tudo.
Que mulher abdicaria de seu desejo chocólatra apenas para fazer o bem ao outro?
Não existe ética feminina quando o assunto é chocolate.

Ele suspira, transparecendo o medo de ir para casa.
- Tomara que ela seja mesmo diferente.

7 comentários:

  1. Anônimo disse...:

    Teus textos tem um erros gritantes de português, Biz por exemplo, inaceitável.

  1. Renata Oliveira disse...:

    Acho que o anônimo ai de cima, antes de criticar os textos dos outros deveria se identificar. Gritante é se esconder como anônimo. Comecei a ler os textos do Gunther a pouco tempo e acho que a cada dia ele vem evoluindo e a tendência é de melhor cada vez mais.
    Gostaria que o anônimo me indicasse um texto dele para eu poder ler. Deve ser perfeito.

  1. Günther Sott disse...:

    De fato. Notei que no título e no primeiro bis realmente estava com Z. Obrigado pela lembrança. E aliás, é "uns" erros gritantes.

  1. Günther Sott disse...:

    Renata: Muito obrigado pela defesa, hehe.
    Mas deixa ele, é bom receber críticas assim, preciso melhorar nesse sentido mesmo, tenho o defeito de entrar nos textos e me focar tanto na história que esqueço de revisá-los.

    :)

  1. Anônimo disse...:

    O que acharam do anônimo??
    Criticando o texto e escrevendo "tem um erros".
    Tem gente que perde de ficar quieto!
    Ah,
    Günther,
    Parabéns pelo blog...

  1. Thiely disse...:

    Adorei Gunther.. parabénss
    e inaceitável é criticar anonimanente

  1. Parabéns, meu querido.
    Estás escrevendo muito bem.
    O importante é ter idéias e "colocá-las no papel". Corrigir erros? Passa para um revisor e...pronto. Perfeito. Pior é quem não tem idéias, não tenta e ainda se acovarda escudado no anonimato. Um grande abraço missioneiro!

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