Vocês, definitivamente, me frustram com essa hipocrisia.
Criaram a idéia de que devem se afastar de mim o quão rápido puderem, como se meus braços fossem tentáculos da infelicidade, e que o simples soar da minha graça fosse digno de um sinal da cruz.
Difamam o meu nome aos quatro ventos, e as vezes até transformam-me em adjetivo, para o simples e puro prazer de me jogarem aos outros. Que engano.
Desejam, da forma mais sincera e amiga, que ninguém se prenda à minha companhia, enquanto, horas depois, é a mim que recorrem, em meio a lágrimas e soluços.
Sou eu que ouço os nomes que vocês sussurram no meio da noite.
Sou eu que cuido-os enquanto dormem.
E é a mim que clamam quando não aguentam mais.
Mas vocês sentem vergonha perante os outros de estarem comigo. Vocês esquecem que tudo o que conhecem está levantado sobre os meus ombros.
Apenas eu sei como vocês são de verdade. E é tão legal saber que apenas eu posso derrubar o enorme castelo de cartas em que todos vivem.
Você acha que suportaria a pressão de dizer as coisas que ninguém pode ouvir?
Você já imaginou como seria a sua vida se nunca pudesse ter um momento à só?
Para que entendam, usarei de um eufemismo: Como mudaria a relação de vocês, se simplesmente, o lado negro da lua fosse exposto?
E se alguém ainda não entendeu, a lua representa vocês, humanos. E o lado negro é tudo aquilo reprimido e vergonhoso que fazem questão de manter escondido, e só expõem quando eu estou presente.
E quem sou eu?
A solidão, oras.
Quem mais saberia tanto sobre ti?
Genial!!