A boca que derruba um castelo

quarta-feira, 18 de maio de 2011
Vocês, definitivamente, me frustram com essa hipocrisia. 

Criaram a idéia de que devem se afastar de mim o quão rápido puderem, como se meus braços fossem tentáculos da infelicidade, e que o simples soar da minha graça fosse digno de um sinal da cruz. 
Difamam o meu nome aos quatro ventos, e as vezes até transformam-me em adjetivo, para o simples e puro prazer de me jogarem aos outros. Que engano. 

Desejam, da forma mais sincera e amiga, que ninguém se prenda à minha companhia, enquanto, horas depois, é a mim que recorrem, em meio a lágrimas e soluços. 
Sou eu que ouço os nomes que vocês sussurram no meio da noite. 
Sou eu que cuido-os enquanto dormem. 
E é a mim que clamam quando não aguentam mais. 

Mas vocês sentem vergonha perante os outros de estarem comigo. Vocês esquecem que tudo o que conhecem está levantado sobre os meus ombros. 

Apenas eu sei como vocês são de verdade. E é tão legal saber que apenas eu posso derrubar o enorme castelo de cartas em que todos vivem. 

Você acha que suportaria a pressão de dizer as coisas que ninguém pode ouvir? 
Você já imaginou como seria a sua vida se nunca pudesse ter um momento à só? 

Para que entendam, usarei de um eufemismo: Como mudaria a relação de vocês, se simplesmente, o lado negro da lua fosse exposto? 

E se alguém ainda não entendeu, a lua representa vocês, humanos. E o lado negro é tudo aquilo reprimido e vergonhoso que fazem questão de manter escondido, e só expõem quando eu estou presente. 


E quem sou eu? 
A solidão, oras. 

Quem mais saberia tanto sobre ti?

1 comentários:

  1. Vanessa disse...:

    Genial!!

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