A família real estava pressionando-o há anos: ele deveria casar.
Precisava encontrar a nova princesa do Brasil. Uma mulher que enchesse o país de cor e beleza, alguém que colocasse a família real brasileira de volta às manchetes. Uma mulher que pudesse ser admirada, e quem sabe até ser chamada para uma entrevista no Jô Soares.
E ele sabia que o momento era esse, visto que não se falava em outra coisa a não ser o casamento do príncipe Galês, William.
O chefe da casa imperial brasileira chamou-o e disse:
- Toninho, tu deves encontrar uma Kate Middleton para ti. Nós precisamos disso, temos que pegar carona nessa onda real que se espalha pelo mundo. Dou-lhe total apoio, ela pode ser até uma plebéia, isso mostra igualdade, é ótimo.
Antônio Lara de Orleáns e Bragança saiu atordoado de casa. Sim, ele ainda morava com o Rei e a Rainha do Brasil, no Leblon. O país já nem dava bolas para eles, teve todo aquele lance de ditadura, depois veio o presidencialismo com um operário comandando o país, depois uma mulher, e eles foram gradativamente sendo suplantados. Seu pai odiava isso, mas Toninho nem ligava, adorava o anonimato. Podia sair e beber todas pois sabia que no outro dia só ganharia uma ressaca, nada de notas em jornal.
Sentou-se no boteco da esquina e ficou pensando na proposta do pai. Ele estava com 28 anos e achava que era mesmo a hora de casar-se e sair de casa. Tivera muitas namoradas, mas nenhuma que o encantasse tanto a ponto de propor-lhe um casório. A não ser a Gabriela, mas ele nem gostava de lembrar.
Ah, a Gabriela era linda: Cabelos morenos de um preto breu, pele branca de traços fortes com olhos verdes protegidos por longos cílios em leque que pareciam te abanar a cada piscadela. Peitos médios e rijos e uma bunda de dar inveja a madrinhas de escola de samba.
O príncipe a conheceu na faculdade. Fazia Educação Física, ela, Direito.
Namoraram por três anos. O Rei e Rainha a adoravam, pois era uma garota muito espirituosa. Todos os domingos, enquanto o Rei assava uma picanha só de bermudas no pátio da casa ela gritava:
- Sogrinha, pode deixar que a maionese eu mesma faço.
O príncipe a conheceu na faculdade. Fazia Educação Física, ela, Direito.
Namoraram por três anos. O Rei e Rainha a adoravam, pois era uma garota muito espirituosa. Todos os domingos, enquanto o Rei assava uma picanha só de bermudas no pátio da casa ela gritava:
- Sogrinha, pode deixar que a maionese eu mesma faço.
E no fim das refeições, como uma bela súdita, sempre se prontificava a lavar a louça.
Todos acharam que dali sairia um casamento. Até o príncipe.
Mas quando o romance se encaminhava para o matrimônio houve um rompimento.
Ela, em meio a uma crise de histeria proveniente de sua TPM implicou com o Toninho porque ele tinha ido ao jogo do Vasco bem no dia do aniversário de namoro.
Ele tentou argumentar, dizendo que era um jogo muito importante, pois o Vasco lutava contra o rebaixamento, mas não teve jeito. Ela mandou-o pastar e temperar com sua imaturidade.
Todos acharam que dali sairia um casamento. Até o príncipe.
Mas quando o romance se encaminhava para o matrimônio houve um rompimento.
Ela, em meio a uma crise de histeria proveniente de sua TPM implicou com o Toninho porque ele tinha ido ao jogo do Vasco bem no dia do aniversário de namoro.
Ele tentou argumentar, dizendo que era um jogo muito importante, pois o Vasco lutava contra o rebaixamento, mas não teve jeito. Ela mandou-o pastar e temperar com sua imaturidade.
Ficaram duas semanas separados, e Toninho em total desespero. Ligava todos os dias mas ela o ignorava sempre. Até que um belo dia, eis que bate em sua porta Gabriela, aos prantos. Com mil pedidos de desculpas e duas mil juras de amor eterno.
Eles reataram, mas o romance não durou muito mais tempo. Dizem que o príncipe descobriu o que Gabriela fez nas duas semanas em que ficaram separados.
Não se sabe ao certo de que maneira ela viveu estes catorze dias, mas foi suficiente para destruir tudo o que ele nutria por ela.
Ele levantou da cadeira e foi até o balcão do boteco:
- Diz ai Batista, mulher é tudo igual, aqui e na Inglaterra, né?
- Mas com certeza Toninho, por quê? Responde o Batista, limpando a testa com o pano pendurado em seu ombro.
- Porque eu tô com pena desse príncipe William ai, que vai casar sexta, agora. Ele ficou separado da noiva por três meses, sabia?
- Não sabia não Toninho, mas o que que tem de mais nisso?
- Ah, Batista. Três meses é muito tempo pra uma mulher solteira. É muito tempo mesmo.
O príncipe brasileiro deu de ombros e se foi, com os olhos marejados:
- Plebéias. Ah, plebéias.