Rafael lembrava com um sorriso no rosto o tempo de adolescência.
Fora quase tudo perfeito: Amigos, festas, descobertas, amores.
Mas, ainda hoje, há uma coisa que o incomoda.
Havia na cidade a garota mais linda, assim como em toda a cidade há.
Mais: Ela era amiga dele.
Ela sabia quais musicas ele tocava no teclado quatro oitavas que ganhara do seu tio; Ele sabia que ela só comia alface se fosse com sal.
Sabiam mais: Sabiam tudo sobre o outro.
Na verdade, achavam que sabiam, pois o mais importante foi esquecido: Eles se amavam em segredo.
Diversas vezes, ambos imaginaram como seria se eles se declarassem.
Cristina sabia que não poderia passar do limite: Ela tinha feito de tudo para demonstrar que se importava com ele. Mas poxa. Ela era a garota mais desejada da cidade e só ligava para dar boa noite à ele. Ninguém mais.
Como ele não juntava os pontos?
Como ele não juntava os pontos?
E Rafael desconfiava disso tudo, mas tinha medo.
Teve tanto medo de perdê-la, que no fim, perdeu.
O tempo de escola passou e eles tomaram o seu rumo.
Hoje, cinco anos depois do ocorrido, ele sabe que não há mais tempo.
E é irônico, porque o tempo que era a chave de tudo: Se ele tivesse segurado ela por 6 segundos a mais em seus braços no dia em que ela completou 17 anos, talvez ela sentisse.
Se ele tivesse dedicado 3 segundos a mais no dia que se dispôs a esquentar as mãos dela, talvez ela sentisse.
Se ele tivesse dedicado 3 segundos a mais no dia que se dispôs a esquentar as mãos dela, talvez ela sentisse.
Mas não. Ele não fez. E ela nunca sentiu.
Essa não é uma história exclusiva de Rafael e Cristina.
Essa é uma história que acontece com quase todo o adolescente.
Aconteceu comigo também.
As vezes me pergunto se isso não seria só mais uma lição que essa época da vida nos trás: O tempo passa rápido.
Ah, se passa.
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