Ramiro está a milhão.
Na cabeça muitas idéias, percepções, imagens e sons.
No velocímetro: 140 Km/h.
Lá fora: chuva.
Agora ele pensa como o destino é safado: quando saiu de casa, no impulso, esqueceu todos os Cds.
Vinha lutando com as subidas e descidas daquele vale para conseguir sintonizar a FM.
E aquela montanha-russa de asfalto pregou-lhe um desafio: A música.
Ele vinha tranquilo, pensando na Pâmela, aquela loira linda que habitou seu pensamento durante toda a semana, quando, como que uma mensagem do além, em meio aquele chiado de estática surge uma voz e um violão.
E digo, não há no mundo dupla melhor que voz e violão.
Nem Queijo-Goiabada; Pelé-Tostão; Romário-Bebeto; Vinho-Lareira. Nada.
Começam os dedilhos de um acorde:
- "As pessoas têm o direito de voar, e voarão quando se comprometerem. Seus corações dizem: Siga em frente! Suas mentes dizem: Te entendi, coração. Vamos seguir em frente..."
Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Ele pisa fundo, precisa escutar o resto.
O velocímetro e o carro sobrem a estrada:
- "Porque alguém está voltando pra casa, com uma única rosa na mão.." Shhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
"É esse o caminho que essa roda continua fazendo agora. É esse o caminho que essa roda continua fazendo agora.." Shhhhhh!
Ele vai, mais e mais. Mas a música não volta. E talvez nem fosse mais preciso.
Ele entendeu a mensagem do destino: Sempre há uma perspectiva.
Notou, que, mesmo no desatino do seu impulso, as coisas começaram a trabalhar para que Pâmela ficasse mais próxima.
E cantarolando ele foi.
Suas rodas giravam e empurravam a distância para trás.
A chuva que subia o pára-brisa parecia tentar agarrá-lo.
Mas ele foi.
Cantarolando, Ramiro foi.
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A Música em questão é Wheel. Do John Mayer.
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