Pingos do dia: A Tia do Funk

segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Cara, sabe quando tu paga pra ouvir as coisas que tu já sabe?

Tipo, ir ao nutricionista e ouvir tudo o que tu não pode fazer, balançando a cabeça em sinal positivo, sabendo que tu sabia? Então, o que eu vou falar hoje é algo desse tipo.

Eu tô com medo de parecer extremamente ~facebookiano~ e dar aquelas morais de cuecas e tal, mas eu acho que já faço isso sem notar, há tempos.

O fato é: Saúde.

Quem me conhece sabe que eu fiz uma cirurgia em Setembro, de redução de estomago apendicite.
E vos digo: aquilo é a demonstração de quão insignificante a gente é. Eu não conseguia fazer nada sozinho, até pra urinar tu precisava que alguém te alcançasse o penico.
Levantar era um parto. Quase desmaia de dor, durante os 5 primeiros dias.

Mas o pior de tudo. E com certeza o que eu mais senti falta de poder fazer: gargalhar.
Claro que o hospital não é um ambiente muito engraçado, mas as vezes coisas corriqueiras te fazem rir.

Na minha internação eu quase arrebentei os pontos no terceiro dia, olhando propaganda eleitoral.

Aparece uma velha com o codinome " Tia do Funk", concorrendo a uma vaga na câmara de POA. Foi instantâneo imaginar aquela senhora de quase 60 anos dançando um funk violento, com uma bandana na cabeça.

E eu sabia que não podia rir. Então tentei segurar, mas era pior, quando não me continha vinha o riso reprimido, e a dor dos pontos repuxando.

É uma situação muito estranha, por que tu sabe que se tu fizer aquilo vai se machucar, mas tu não consegue controlar.
Tipo ataque de riso no meio da aula.

É triste, é idiota, é inexplicável.

E o pior é que é mais engraçado. 

A Síndrome dos vinte e tantos

quarta-feira, 19 de setembro de 2012
A chamam de ‘crise do quarto de vida’.
Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos.
Se dá conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado(a) etc..
E cada vez desfruta mais dessa cervejinha que serve como desculpa para conversar um pouco.
As multidões já não são ‘tão divertidas’. ..
E as vezes até lhe incomodam.

E você estranha o bem-bom da escola, dos grupos, de socializar com as mesmas pessoas de forma constante.
Mas começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo.
Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas que conheceu e que o pessoal com quem perdeu contato são os amigos mais importantes para você.
Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor.
Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto pôde lhe fazer tanto mal.
Ou, talvez, a noite você se lembre e se pergunte por que não pode conhecer alguém o suficiente interessante para querer conhecê-lo melhor.
Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar.
Talvez você também, realmente, ame alguém, mas, simplesmente, não tem certeza se está preparado (a) para se comprometer pelo resto da vida.
Os rolês e encontros de uma noite começam a parecer baratos e ficar bêbado(a) e agir como um(a) idiota começa a parecer, realmente, estúpido.
Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado(a) e significa muito dinheiro para seu pequeno salário.
Olha para o seu trabalho e, talvez, nao esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo.
Dia a dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer.
Suas opiniões se tornam mais fortes.
Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é.
Às vezes, você se sente genial e invencível, outras… Apenas com medo e confuso (a).
De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando.
Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro… E com construir uma vida para você.
E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela.
O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse textos nos identificamos com ele. Todos nós que temos ‘vinte e tantos’ e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes.
Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça… Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos…
Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro.
Parece que foi ontem que tínhamos 16…
Então, amanha teremos 30?!?! Assim tão rápido?!?!
FAÇAMOS VALER NOSSO TEMPO… QUE ELE NÃO PASSE!
___________


O texto é tão bom que (não é meu) tive que postar aqui.

É DESSE BLOG AQUI: http://copicola.com/2009/05/24/para-a-galera-de-20-e-poucos-anos/

Rosana

segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Ela era assim.

E se perguntava, todo santo dia, que culpa tinha por não agradar a todos. 

Antes de dormir, Rosana fugia. Fechava os olhos, mas as suas pálpebras não conseguiam diminuir a intensidade da luz que importunava. Se abertos, a luz que incomodava era a que se derramava pelo vão da porta;
se fechados, vinha doutro lugar.

No silencio do seu quarto vazio, uma mulher de 23 quase podia ouvir o som de um pensamento. No estado de semi-sono, ela conseguia desconstruir toda a brevidade de uma lembrança em cores, música, e odores.

Com os olhos cada vez mais cerrados, o turbilhão de reações elétricas provenientes de seu cérebro iluminavam, quase que realmente, os seus olhos. Via explodirem cores e luzes à questão de milímetros de si. Tão rápido quanto a luz, que mais parecia um retrato daqueles furacões com nome de gente que aparecem lá pro norte, surgiam rostos. E cada boca balbuciava uma palavra, enquanto o resto da face era substituída por outra, e outra, e outra. 

Às vezes as frases expulsadas do seu sub-consciente tinham sentido, que logo eram transformados em uma imagem, como na vez em que viu uma pintura à tinta óleo de várias arestas arredondadas subindo uma terra úmida, enquanto dois centímetros de chão escondiam as pontas perigosas de alguma coisa.

Ela já chegou a postular que o que  via era o processo normal de transformação de memórias de curto para de longo prazo.

Mas ela sempre está cansada demais para decidir acordar e anotar os pensamentos que surgem desse breve estado.  Quem dirá para tentar pintar quadros das imagens que vê nascerem em frente aos olhos.
E acreditem: ela tem vontade. 

Mas ela também tem vontade de tanta coisa.

De viajar. De conseguir um emprego que lhe dê segurança, ao mesmo tempo em que lhe proporcione os medos inerentes de responsabilidade e crescimento profissional.
Rosana tem vontade de ser atriz na frente de qualquer espelho. Emprestar a sua face a alguém que não tenha tantos problemas como ela, mas que também não ache as soluções para esses poucos problemas rápido demais.

Ela quer sentir o frio na barriga, mas não gostaria de arcar com o ônus do fracasso.

E antes das luzes cessarem, esse pensamento faz pintar outra imagem em seus olhos: a Monalisa.

As bocas incessantes disparam que talvez não seja boato.

Talvez seja realmente Leonardo, com uma tela e um espelho em sua frente.

Tudo isso, mas nada mais.

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