Grão de café torrado.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Ela sumiu feito um grão de café torrado caído em água quente.
Tchac. Bum!

E aquela gente tão incolor que se aglomerou na pista foi ganhando um ar curioso, provocante.
Vi a silhueta dela sendo diluída por pessoas iguais e precisei me aproximar pra não perdê-la.

Mas lá se foi o grão, rodando, sumindo, e colorindo.

Sai traçando seus passos num caminho fácil de cor e cheiro por entre aquelas pessoas feitas d'agua, que por serem água, não tinham cor, nem cheiro.

O seu rastro era de um amarelo queimado, tão longo quanto seus cabelos. O traçado era reverberante e ziguezagueava pelo salão.
As pessoas sem cor começaram a refletir aquele preto dos seus cachos  no olhar.
Para lá e para cá, tremia o salão.
Para cá e para lá, ia eu atrás.

As pessoas foram acumulando os olhares e eu não me incomodei com aquilo.

Quando notei já eramos todos iguais.

Meros homens que tiveram a mesma reação ao ver uma linda mulher passar.

Ela entrou no salão e animou a festa toda, tal qual esses grãos de café torrado que pintam minha água quente.

Logo entendi porque as mulheres nos chamam de previsíveis.
É sempre assim.

Com o café e com as mulheres.


















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