O Veraneio passado

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Do veraneio passado só trago duas coisas: Minha cadeira de abrir e o pavor da ciclovia beira-mar.

De manhã cedinho era a hora. Sentava na sacada do apartamento e ficava olhando o pessoal se exercitar.
Homens e mulheres correndo pela beira do mar, ou pelo calçadão.
Alguns passeavam de bicicleta na ciclovia, e outros levavam o cachorrinho para cagar na areia.



As vezes até pensava que se eu morasse no litoral, não seria gordo. Dava gosto de correr por ali.
Sem falar naquela paisagem divina: As gurias da orla.
Eu seria capaz de correr os 10 Km de praia umas três vezes por manhã, só pra poder ver todas.

Mas, como eu era só um turista metido à besta que estava passando uma temporada no apartamento dos parentes, me contentava com a sombra que fazia na sacada.
Ia tomando o meu mate e tentando analisar as pessoas.

Aqueles que corriam pela beira do mar eram os mais fáceis de ler: Trabalho pesado o ano todo, dinheiro contado e alguns sacrifícios feitos. Mas agora era a hora deles, riam para o sol e chutavam água nos amigos. Planejavam o trago dessa noite ao mesmo tempo em que contavam sobre o da noite anterior.
As meninas gesticulavam e se arreganhavam toda, provavelmente contando sobre os xavecos que ouviram ontem.

Os homens que corriam pela calçada já eram mais comprometidos com o que estavam fazendo. Passavam com um fone de ouvido e expressão séria. Esses eram os meticulosos. Davam uma volta pela praia com aqueles óculos de R$ 300,00 na cara e iam selecionando os alvos da noite. Provavelmente eram nativos.

Mas os que eu não conseguia ler eram as ciclistas.
E a culpa era da ciclovia. O pessoal só tinha que pedalar. Não se preocupavam com nada.

Ciclovia beira-mar tira todo o sentido da analise possível de ser feita sobre a personalidade da ciclista.

É fácil. Há as que trafegam pela rua e as que andam na calçada.

A ciclista de rua é aquela que abre mão do controle absoluto. Se expõe à alguns riscos, mas consegue desfrutar de toda a adrenalina que o passeio pode dar. Esse é a mulher que só responde o SMS. Ela não telefona para você, mas isso não significa que ela não se importe.

Já a menina que vai pela calçada é a controladora insegura. Ela opta por estar sempre nas rédeas. Ela é quem desvia das pessoas, e não os carros quem desviam dela.
Essa não arrisca. Ela não mente, nem briga, mesmo sabendo que depois de uma briga o fogo é sempre maior. 

Então, sabendo sobre a personalidade dela, você pode adequar o tipo correto de abordagem.
Isso funcionava.

Só que lá em Meia-Praia não deu certo. Eu não conseguia saber quem era quem. Tudo culpa da maldita ciclovia beira-mar.

Perdi o numero de foras que eu tomei, mas até que foi legal.

Naquela praia todo mundo parecia bacana e seguro de si.

Principalmente andando de bicicleta.







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